Editorial

Lima, as florestas e Paris
Pouco noticiada pela grande mídia, terminou com um resultado bastante satisfatório a Cúpula do Clima (COP20) em Lima, no Peru. Ainda que vago sob muitos aspectos, o texto final aprovado por unanimidade por 195 países contém a base de um novo tratado climático que entrará em vigor a partir de 2020. Diferentemente das outras reuniões do clima, o encontro no Peru rompeu a divisão histórica entre ricos e pobres e foi capaz de colocar todos num mesmo barco rumo ao objetivo de limitar em até dois graus Celsius o aumento da temperatura média do planeta.

Quando desembarcaram na capital peruana, os diplomatas e negociadores de cada país sabiam que o acordo recém-anunciado entre Estados Unidos e China para redução de emissões de gases de efeito estufa era a senha para evitar o fracasso dos anos anteriores. Esse acordo somado aos planos da União Europeia de cortar 40% suas emissões até 2030, comparado a 1990, e a todos os esforços de milhares de empresas e cidades mundo afora de adotar medidas de redução e compensação, proporcionou o contexto ideal para se atingir o necessário consenso.

No entanto, só será possível avaliar a efetividade desse último encontro a partir de uma análise das metas de redução e estratégias de mitigação que cada país deverá submeter até março de 2015. Conhecidas por INDC, essas intenções devem ser claras, transparentes e de fácil entendimento. Depois, para maio, é esperado o primeiro rascunho do novo tratado e, em novembro, haverá uma análise completa do agregado das metas. Finalmente, em
dezembro de 2015, em Paris, durante a COP21, será realizada a mais importante negociação climática desde o início da Convenção em 1992. Somente lá saberemos se o sistema multilateral é capaz de entregar uma solução efetiva ao desafio das mudanças climáticas.

Enquanto isso, aqui no Brasil, os dados recém-publicados do SEEG mostram que as emissões estão aumentando e se acelerando em todos os setores da economia. A exceção é na mudança do uso da terra, na qual está incluída a queda do desmatamento. Se essa tendência de aumento de emissões continuar, e não temos quaisquer sinais do contrário, visto uma participação cada vez maior das termoelétricas em nossa matriz energética e a crise vivida pela indústria do etanol, nossos compromissos internacionais dependerão somente dos resultados do desmatamento. Ou seja, a estratégia brasileira fica refém da forma como gerimos nossas florestas.

É por isso que a Biofílica esteve presente em Lima participando de todos os eventos e negociações que envolviam florestas e REDD+. Assim como estaremos presentes em todas as discussões em 2015 no âmbito do Observatório do Clima, Observatório do REDD+, CEBDS, MEBB, GCF, Coalizão Brasil Clima Florestas e tantas outras iniciativas. Exigimos uma estratégia nacional de REDD+ à altura dos desafios de gestão florestal no país, que não seja somente um instrumento de negociação multilateral, mas que esteja conectada ao Mercado Brasileiro de Redução de Emissões e que alavanque maciços investimentos em conservação.

Plínio Ribeiro
Cofundador e CEO

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