O que fizermos nas próximas décadas para limitar nossas emissões de GEE (gases do efeito estufa) será determinante para o futuro do nosso planeta. Por isso, tem se tornado notório no meio privado empresas que se posicionam em combater as mudanças climáticas ao assumirem uma meta Net Zero — uma estratégia que leva ao equilíbrio entre as emissões de gases de efeito estufa liberadas para a atmosfera e as que são removidas durante um período especificado.1 Ou seja, as emissões líquidas ficam “zeradas”.
Quando falamos de um período especificado, isso se refere a um tempo limite para contermos os piores efeitos do aquecimento global. Conforme o Acordo de Paris, as nações estão comprometidas a limitar o número da temperatura a bem menos que 2°C – e idealmente a 1,5° para evitar efeitos catastróficos. Para toda essa transformação ser realizada é necessário que o mundo atinja a neutralidade de carbono até 2050.
Um primeiro passo para atingir a meta Net Zero é a redução de emissões por meio de melhorias nos processos, como fazer o uso de energias renováveis e combustíveis menos poluentes. No entanto, é improvável que 100% das emissões sejam reduzidas a zero no curto e médio prazo.
O relatório do NewClimate Institute declara que apenas 8% de 1565 companhias em todo o mundo com objetivos de Net Zero possuíam metas intermediárias robustas. No Brasil, apenas 19 empresas estão comprometidas com essa iniciativa, o que significa que ainda podemos ser mais ambiciosos no combate às mudanças climáticas.
Nature-based solutions (NBS) é um conceito definido pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) como ações para proteger, gerenciar e restaurar ecossistemas naturais de forma sustentável, eficaz e levando em consideração as complexidades e bem estar humano e da biodiversidade.
Nature-based solutions: iniciativas que são soluções efetivas para combater as mudanças climáticas
As NBS podem prover 37% de redução de emissões globais de maneira custo efetivas até 2030, resultando em 66% de chances da temperatura média global ficar abaixo de 2º C.3
Para complementar a transição, a compra de créditos de carbono provenientes da conservação florestal (REDD+) ou do reflorestamento (AR – Afforestation/Reforestation) são soluções internacionalmente reconhecidas para neutralizar emissões mais difíceis de subtrair.
O desmatamento no Brasil é um dos grandes problemas ambientais da atualidade. São inúmeras consequências às diversas regiões, sendo mais importante para agricultura, pecuária e extrativismo. A principal questão do país é com o desmatamento da Amazônia que já atingiu mais de 18% de seu território e contribui para as emissões de GEES (Gases de Efeito Estufa).
De acordo com o 8° Relatório do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), realizado pelo Observatório do Clima, o Brasil emitiu 9,6% a mais de GEEs em 2019, em comparação à 2018. O país lançou na atmosfera 2,18 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (GtCO2e), contra 1,98 bilhão em 2018.
Os créditos de carbono de conservação florestal (REDD+) são gerados por meio de ações de combate ao desmatamento e à degradação florestal combinados com atividades sociais, de clima e biodiversidade. Suas principais vantagens são:
– Os créditos são verificados e auditados de atividades que já ocorreram
– Rápido processo de entrega
– Maior potencial e escala de geração para endereçar demandas corporativas de neutralização
– Estímulo à economia da floresta em pé em regiões de baixo desenvolvimento econômico
Já os créditos de carbono de reflorestamento são gerados por meio do plantio de árvores em áreas onde não havia floresta (afforestation) e em áreas onde houve desmatamento (reforestation), criando ou regenerando uma nova floresta. As principais vantagens são:
Compor uma estratégia de portfólio de investimentos em projetos de conservação de ecossistemas somado a projetos de remoção de carbono são complementares, sendo a primeira opção mais urgente e necessária no curto prazo.
Os recursos destinados à manutenção de ecossistemas são essenciais pois criam incentivos positivos para produção agroextrativista sustentável e geração de renda.
Investir no plantio de árvores agora é a forma mais efetiva de garantir créditos de remoção de carbono para endereçar os compromissos e metas net zero no longo prazo.
A Biofílica pode ajudar a sua empresa a ser Net Zero.
1) Fonte: IPCC, 2018: Annex I: Glossary [Matthews, J.B.R. (ed.)]. In: Global Warming of 1.5°C. An IPCC Special Report on the impacts of global warming of 1.5°C above pre-industrial levels and related global greenhouse gas emission pathways, in the context of strengthening the global response to the threat of climate change,
sustainable development, and efforts to eradicate poverty [Masson-Delmotte, V., P. Zhai, H.-O. Pörtner, D. Roberts, J. Skea, P.R. Shukla, A. Pirani, W. Moufouma-Okia, C. Péan, R. Pidcock, S. Connors, J.B.R. Matthews, Y. Chen, X. Zhou, M.I. Gomis, E. Lonnoy, T. Maycock, M. Tignor, and T. Waterfield (eds.)]. In Press
2) Fonte: SEEG Brasil
3) Fontes: União Internacional para Conservação da Natureza: https://www.iucn.org/theme/nature-based-solutions/about
Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America (PNAS): https://www.pnas.org/content/114/44/11645.abstract
WRI: Consideration of Nature-based Solutions as offsets in corporate climate change mitigation strategies.