A força da natureza contra as mudanças climáticas

 

Car@s colegas, parceiros e clientes,

 

Ao encerrarmos mais um ano de trabalho, queremos compartilhar com vocês a nossa alegria e orgulho por tudo o que conquistamos juntos. 2023 representou um verdadeiro freio de arrumação para o mercado voluntário de carbono internacional, no qual houve uma verdadeira separação do joio do trigovisando a consolidação de projetos de carbono de alta integridade socioambiental.

Resiliência foi a palavra-chave esse ano, representando, também, uma janela de oportunidade para que possamos entrar mais fortalecidos em 2024 e continuarmos a união de esforços com o objetivo de aprimorar a integridade, qualidade, confiança e escala dos projetos de Soluções Baseadas na Natureza.

 

No Brasil, os Três Poderes se uniram com o objetivo de fortalecer a pauta de combate às mudanças climáticas e o país nunca esteve tão perto de contar com um Mercado Regulado de Carbono:

 

No âmbito do Legislativo, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei nº 2.148/2015, que cria o Mercado Regulado de Carbono no Brasil. O avanço desse projeto é um marco histórico para a descarbonização da economia brasileira e fortalece o mercado voluntário, já que haverá interoperabilidade entre os dois mecanismos. Desenvolvemos uma análise sobre o tema, que pode ser acessada por esse link.

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Também foi sancionada a Lei nº 14.590/2023, que corrige um entrave histórico na legislação nacional de Concessões Florestais, permitindo agora o desenvolvimento de projetos de carbono nessas áreas. A Biofílica Ambipar tem trabalhado ativamente com o Ministério do Meio Ambiente, com o Serviço Florestal Brasileiro, com o ICMBIO e BNDES para auxiliar na regulamentação da lei, preparando modelos de viabilidade e cenários com o objetivo de alavancar substancialmente as concessões florestais no Brasil.

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No âmbito do Executivo, a Biofílica Ambipar passou a contar com uma cadeira na Comissão Nacional para REDD+ (Conaredd+), representando o setor privado. É a primeira vez, desde a criação da Comissão, que existe representatividade do setor privado. A conquista da cadeira significa o reconhecimento da expertise técnica e do engajamento da Biofílica Ambipar na área de Soluções Baseadas na Natureza.

 

Já em nível internacional, as principais entidades e stakeholders do mercado voluntário de carbono (MVC) têm unido esforços em torno do aprimoramento da integridade, confiança e escala, refletindo numa perspectiva muito positiva em relação ao futuro desse mecanismo de financiamento climático.

 

Na COP28, que aconteceu em Dubai, participamos de diversas discussões e pudemos interagir com nossos parceiros internacionais. Vimos um consenso global sobre a importância do mercado de carbono para a descarbonização e a mitigação das mudanças climáticas. Como exemplo, citamos a fala da presidente da União Europeia, Ursula von der Leyen, sobre a importância desses mecanismos e sua ligação com a proteção de Biodiversidade. A propósito, desenvolvemos um boletim com todas as notícias sobre o MVC durante a COP 28, que pode ser acessado por este link.

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Além disso, em um anúncio histórico e com apoio da Presidência da COP28, a Science Based Targets Iniciative – SBTi, a Voluntary Carbon Markets Iniciative – VCMI, o Integrity Council for the Voluntary Market – ICVCM, GHG Protocol e a We Mean Business Coalition – WMB informaram que se reunirão para estabelecer um manual de integridade que forneça metodologias, com bases científicas, para a descarbonização de processos produtivos e a utilização de créditos de carbono voluntários para a compensação de emissões residuais de carbono. Recomendamos que assistam o seguinte vídeo, divulgado pelas entidades, explicando a urgência de financiarmos a conservação e restauração florestal.

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Já do lado da oferta de créditos de carbono, presenciamos as maiores certificadoras mundiais, como Verra, American Carbon Registry (ACR), Architecture for REDD+ Transactions (ART), Climate Action Reserve, Global Carbon Council e Gold Standard, anunciarem que se unirão para trabalhar em conjunto para estabelecer princípios comuns relacionados à quantificação, verificação e permanência de reduções e remoções de emissões de carbono em suas respectivas metodologias. A parceria tem como objetivo facilitar que cada uma dessas certificadoras esteja alinhada aos Core Carbon Principles (CCPs), conjunto de parâmetros desenvolvidos para identificar créditos de carbono voluntários de alta integridade. 

 

Além dos avanços a nível nacional e internacional do mercado voluntário de carbono, destacamos os seguintes marcos do mercado em 2023:

 

A Verra, certificadora de todos os projetos da Biofílica Ambipar, publicou uma metodologia consolidada para projetos de conservação florestal de desmatamento não planejado (REDD+ AUD).  A nova metodologia visa harmonizar as linhas de base dos projetos, criando maior segurança da integridade ambiental desses créditos de carbono.

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Após sete anos, a Ecosystem Marketplace atualizou sua análise de como atuam as empresas que compram créditos de carbono vs. as que não fazem uso dessa estratégia. O estudo, feito com mais de 7.000 empresas, identificou que, na média, as empresas que fazem parte do mercado voluntário investem três vezes mais em atividades de redução de emissões do que outras empresas. Ou seja, o estudo combate o desentendimento de que empresas que compram créditos de carbono não tem estratégias amplas de descarbonização.

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Também foi notável o envolvimento das empresas com o mercado voluntário de carbono em 2023, mesmo em um ano desafiador. De acordo com dados da Verra, o volume de créditos de carbono de projetos de conservação florestal (REDD+) aposentados em 2023 superou em 70% o volume aposentado no mesmo período do ano anterior, chegando a 46 milhões de tCO2e. Já as aposentadorias totais na Verra, considerando todos os tipos de projetos, chegaram ao patamar de 104 milhões de toneladas, mesmo volume observado no período equivalente de 2022.

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Internamente, mantivemos o nosso foco em garantir projetos de conservação e restauração florestal de alta qualidade e integridade. Com uma equipe de mais de 70 pessoas de elevado nível técnico, conduzimos 10 auditorias, desenvolvemos 6 novos projetos, consolidamos inteligência em projetos com foco em manejo sustentável do solo na agricultura e pecuária e em Blue Carbon e implementamos novos selos e certificação de co-benefícios. Além disso, inovamos no modelo de financiamento em áreas de restauração ecológica, por meio do investimento de R$ 300 milhões na restauração florestal da Mata Atlântica no âmbito do Projeto ARR Corredores de Vida, em parceria com a Biofarmacêutica Astrazeneca. Por fim, estamos cada vez mais integrados ao Grupo Ambipar aproveitando toda a sinergia e os milhares de clientes no mundo para levar soluções de descarbonização. Não poderíamos estar numa plataforma mais poderosa para atingir nossa missão.

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Todas as nossas conquistas só foram possíveis devido ao apoio e a confiança de nossos clientes e parceiros, que acreditam na necessidade de aumentar significativamente o financiamento para a conservação florestal e o reflorestamento e restauro de áreas degradadas no Brasil. 

 

Em 2024, continue contando com a Biofílica Ambipar para trabalharmos juntos por um futuro mais sustentável.

 

Em nome de toda a equipe, desejo a você um extraordinário e próspero 2024.
Um abraço, 

 


Plínio Ribeiro
Cofundador e CEO da Biofílica Ambipar

COP28: avanços e desafios no combate às mudanças climáticas

 

Entre consensos e discordâncias, o evento aguardado com grande expectativa deixou um saldo positivo, mas adiou decisões importantes.

A recente Conferência das Partes (COP28) realizada em Dubai, entre 30 de novembro e 12 de dezembro, era aguardada com grande expectativa no cenário internacional. O evento, que reúne os países membros da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, teve como objetivo discutir ações cruciais para atingir as metas do Acordo de Paris, um dos mais abrangentes planos globais para a redução das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e o enfrentamento das mudanças climáticas.

Os debates durante os dias de conferência resultaram em avanços significativos, mas também em pontos em que não foi possível alcançar consenso, adiando decisões importantes para o futuro.

 

Avanços

Inicialmente, destacamos os aspectos positivos.

A preocupação em relação à realização da COP28 em Dubai, um dos principais exportadores de petróleo e gás natural, foi atenuada com o reconhecimento, pela primeira vez na história das COPs, da necessidade de reduzir o uso de combustíveis fósseis. A comunidade científica e ambientalistas celebraram o acordo que prevê triplicar a capacidade de energia renovável global e dobrar a taxa de melhorias na eficiência energética até 2030. Além disso, houve reconhecimento da urgência em aumentar o financiamento para a mitigação e adaptação às mudanças climáticas, embora não tenha sido definido um caminho para que os países cheguem a esse objetivo.

No que diz respeito ao Mercado Voluntário de Carbono, observou-se um esforço conjunto das principais entidades e stakeholders para aprimorar a integridade, confiança e escala desse mecanismo de financiamento climático. Clique aqui para acessar o artigo que desenvolvemos especificamente sobre o tema.

 

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Entraves

Alguns desafios foram evidenciados durante a COP28.

A expectativa de estabelecer as regras operacionais do artigo 6 do Acordo de Paris não foi completamente atendida. Essa seção do acordo trata de mecanismos de cooperação entre os países para a redução das emissões de GEE e para a mitigação dos impactos das mudanças climáticas. O não acordo resultou na postergação das definições para a COP29, no Azerbaijão

Outro ponto de preocupação foi o retrocesso em relação à utilização do carvão para a geração de energia elétrica. O texto final foi menos assertivo do que o acordado na COP26 em 2021, mencionando apenas a importância da redução do uso, mas sem estabelecer metas concretas.

 

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Participação do Brasil

Em relação à participação do Brasil, tínhamos a oportunidade de, após muitos anos como pária ambiental, demonstrarmos nosso comprometimento com o combate às mudanças climáticas. Porém, mesmo com a maior delegação de sua história, ações como a realização de novos leilões de exploração de petróleo e a entrada na OPEP+ foram consideradas inoportunas, comprometendo a imagem do país no combate às mudanças climáticas.

Em síntese, a COP28 foi encerrada com saldo positivo. Apresentou avanços importantes, mas também revelou desafios persistentes. O evento, com sua participação recorde de mais de 90 mil pessoas, demonstrou o comprometimento global na busca por soluções diante da crise climática.

À medida que nos preparamos para a COP30 em Belém do Pará, é crucial refletirmos sobre os obstáculos enfrentados e nos concentrarmos na efetividade das ações futuras, considerando a crescente atenção internacional à preservação da Floresta Amazônica.

 

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